quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Josè Saramago no Pùblico

O romancista discorda de Churchill quando este afirmava "a democracia não é grande coisa, mas é o menos mau dos sistemas".
"Não parece, porque quando o espaço da democracia passa a ser ocupado por algo que não tem nada que ver com a democracia, que é o peso, a influência, o poder do dinheiro, não há democracia que resista. E além disso, nós nunca vivemos em democracia, e não vivemos agora mesmo em democracia, vivemos numa plutocracia, o governo dos ricos, para que os ricos ganhem mais e para que os pobres sejam cada vez mais pobres e cada vez em maior número. Esta é que é a realidade", sublinhou.
"A democracia, por favor... Nós vamos às eleições, pomos lá um papel e, a partir desse momento, não sabemos para que é que vai servir esse papel, porque quem ganhar as eleições, depois de ter durante a campanha prometido este mundo e o outro - não vai cumprir, já sabemos... Basta isto: um político português, na altura primeiro-ministro - de quem não vou dizer o nome por caridade - declarou alto e bom som que a política é a arte de não dizer a verdade. Quando um político se atreve a dizer isto e a pensá-lo, porque está convencido de que é assim, a democracia não está em muito boas mãos", comentou.
"Há que tomar a sério a vontade dos cidadãos, que não têm outra coisa para fazer valer a sua opinião se não o voto", concluiu.